O aquecimento global, as mudanças climáticas e a crescente poluição estão agravando doenças alérgicas e respiratórias na população, gerando grande preocupação entre especialistas. A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) manifestou essa preocupação em carta dirigida ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago.
A presidente da Asbai, Fátima Rodrigues Fernandes, enfatizou que as doenças tratadas no campo da alergia e imunologia sofrem um impacto significativo das alterações climáticas e ambientais. Ela destacou que, embora a genética desempenhe um papel nas doenças alérgicas, os fatores ambientais, como o aumento da poluição e o aquecimento global, desencadeiam inflamações nas mucosas respiratórias e na pele, facilitando reações inflamatórias características de doenças como a asma.
Outras doenças como rinite alérgica, que afeta cerca de 30% da população brasileira, conjuntivite e dermatite atópica também podem ser impactadas pelas mudanças climáticas e pela poluição. O aumento da poluição leva ao crescimento da quantidade de material particulado no ar e de gases como o dióxido de carbono (CO2).
As catástrofes climáticas, como as enchentes, aumentam a formação de alérgenos, como pólens e fungos, e até mesmo a proliferação de ácaros, que são fatores que condicionam o surgimento e agravamento dessas doenças. Alérgenos são substâncias que provocam uma resposta exagerada do sistema imunológico em pessoas sensíveis, resultando em alergias.
Um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelou um aumento de 60% na incidência de incêndios, com a fumaça se espalhando por todo o país e até para países vizinhos, elevando a poluição atmosférica e, consequentemente, as doenças respiratórias.
Os mais vulneráveis aos efeitos da fumaça dos incêndios são crianças pequenas, idosos, gestantes e comunidades com menos recursos. Pacientes com doenças respiratórias preexistentes, como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema), também sofrem consideravelmente com as alterações climáticas.
A poluição plástica e a contaminação por microplásticos representam outra preocupação crescente. O Brasil é um dos maiores produtores de plástico no mundo, com grande quantidade de resíduos descartados incorretamente, contaminando a água, os oceanos e, consequentemente, entrando na cadeia alimentar. Esses microplásticos podem afetar o sistema imunológico e a saúde da população.
Além disso, emergências climáticas dificultam o acesso a cuidados de saúde para pacientes com doenças crônicas, como a asma, prejudicando o tratamento contínuo e levando à piora da condição, crises e, em casos extremos, óbitos. As doenças, em geral, impactam a saúde emocional das pessoas, tanto pacientes quanto profissionais de saúde, que sofrem estresse diante da incapacidade de enfrentar situações extremas.
A Asbai espera que a COP30 retome as negociações do Tratado Global contra a Poluição Plástica, de 2022, com o objetivo de diminuir esse tipo de poluição e garantir a proteção da saúde. A expectativa é que a COP30 resulte em ações concretas para reduzir os efeitos da poluição e do aquecimento global sobre a saúde da população, com o comprometimento dos países participantes na aplicação de medidas emergenciais para o controle das alterações ambientais.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
