Meio século após sua morte em 1975, o legado do jornalista Vladimir Herzog permanece vivo através de novas iniciativas que incluem um documentário, um podcast e uma ferramenta de inteligência artificial. Herzog, conhecido como Vlado, foi morto nas dependências do DOI-Codi, um órgão de repressão da ditadura militar, após se apresentar voluntariamente para prestar depoimento. Sua morte desencadeou uma onda de protestos e mobilização em prol da democracia.
O documentário “A Vida de Vlado – 50 anos do Caso Herzog”, produzido pela TV Cultura, será exibido neste sábado. A produção apresenta materiais inéditos sobre a vida de Herzog, sua família e o legado preservado pelo Instituto Vladimir Herzog (IVH). O filme conta com fotos e documentos inéditos, além de entrevistas com pessoas que conviveram e trabalharam com o jornalista. O arquivo utilizado para a produção inclui slides do filme que Herzog estava produzindo sobre Canudos, recentemente recuperados pelo instituto.
Neste domingo, a Praça Memorial Vladimir Herzog, em São Paulo, inaugura o Calçadão do Reconhecimento, uma intervenção permanente com os nomes de todos os vencedores do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Entre os homenageados, está o conjunto dos trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que recebeu o Prêmio Especial Vladimir Herzog Contribuição ao Jornalismo em 2022, pela resistência na defesa da comunicação pública durante um período de censura e perseguição.
O podcast “O Caso Herzog: A Foto e a Farsa” explora a imagem do corpo de Vlado pendurado no DOI-Codi, com entrevistas, documentos e áudios inéditos, além de análises sobre o contexto da ditadura. O jornalista Camilo Vannuchi entrevista o fotógrafo Silvaldo Leong, autor da imagem, e desmistifica a versão oficial de suicídio.
Uma ferramenta de inteligência artificial, desenvolvida por Paulo Markun, amigo de Herzog, permite criar respostas com a voz do jornalista a partir de seus livros, reportagens e cartas. A plataforma utiliza uma base de conhecimento para responder a perguntas com a voz clonada de Herzog. A ferramenta será apresentada em um evento sobre a preservação da memória através da inteligência artificial.
As homenagens e iniciativas em torno do legado de Herzog demonstram o entendimento comum sobre a importância do respeito ao voto popular, dos direitos humanos e da liberdade de expressão. O assassinato de Herzog foi um catalisador para a criação de uma frente democrática que uniu diferentes posições políticas em prol da redemocratização do país. Um culto inter-religioso em memória de Herzog, repetindo um evento histórico de 1975, será realizado na Catedral da Sé neste sábado.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
