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Catedral da sé rememora os 50 anos da morte de vladimir herzog

© Paulo Pinto/Agência Brasil

A Catedral da Sé, no centro de São Paulo, ficou lotada em um ato ecumênico realizado para marcar os 50 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, ocorrido em 25 de outubro de 1975, durante a ditadura militar. A cerimônia foi organizada pela Comissão Arns e pelo Instituto Vladimir Herzog.

O local possui um significado histórico, pois foi palco de uma cerimônia inter-religiosa em 1975, dias após a morte de Herzog, reunindo cerca de 8 mil pessoas em um desafio ao regime militar.

Ivo Herzog, filho de Vladimir, presente no evento, expressou a esperança de que um processo legal seja conduzido para apurar os crimes da ditadura. Ele defendeu a investigação das circunstâncias, o indiciamento dos autores (vivos ou mortos) e o julgamento pelo Poder Judiciário.

Ivo destacou a importância da revisão do parecer do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Lei da Anistia de 1979, mencionando que a ADPF 320, que trata do tema, aguarda a decisão do ministro Dias Toffoli há mais de oito anos. Ele criticou a demora como uma cumplicidade com a cultura de impunidade. O Instituto Vladimir Herzog, amicus curiae da ADPF desde 2021, argumenta que a interpretação atual da Lei de Anistia garante a impunidade de crimes de lesa-humanidade cometidos por agentes da ditadura, em desacordo com tratados internacionais de direitos humanos.

Ivo também afirmou que o tema da anistia foi “sequestrado” pela extrema-direita.

O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, também compareceu à cerimônia e afirmou que a morte de Vladimir Herzog foi resultado do extremismo do Estado.

Questionado sobre a revisão da Lei da Anistia, Alckmin respondeu que “já demos bons passos nessa questão”.

Ivo ressaltou que a presença de Alckmin reafirma o compromisso do Estado com a democracia.

Vladimir Herzog foi torturado e morto nas dependências do Doi-Codi, órgão de repressão da ditadura militar, onde havia sido preso sem ordem judicial. Na época, era diretor de Jornalismo da TV Cultura.

O jornalista Sérgio Gomes, preso no Doi-Codi na época do assassinato de Herzog, relatou ter ouvido uma pessoa sendo torturada com perguntas sobre jornalistas, e como o silêncio que se seguiu indicava a remoção do corpo e a simulação de suicídio.

Desde a morte de Herzog, sua esposa, Clarice Herzog, liderou as denúncias sobre o assassinato político.

No dia 31 de outubro de 1975, um ato na Catedral da Sé, conduzido por líderes religiosos, marcou a resistência democrática. Cinquenta anos depois, o novo ato inter-religioso homenageou todas as vítimas da ditadura.

Jornalistas realizaram uma passeata do sindicato da categoria até a Sé para participar do evento. O presidente do sindicato, Thiago Tanji, destacou a importância de lembrar que os responsáveis pela tortura e morte de Herzog não foram condenados e que a luta contra a impunidade continua.

Diversas pessoas que participaram do primeiro ato compareceram novamente à catedral, 50 anos depois, e foram aplaudidas de pé. A cerimônia incluiu apresentações do Coro Luther King, manifestações inter-religiosas e a exibição de vídeos com imagens de manifestações e de vítimas do Estado.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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