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Fazenda em RO: Palco de chacina e Tensão Agrária

G1

A região de Galo Velho, em Porto Velho, Rondônia, onde João Martins, marido da influenciadora Thais Reolon, alegou ter se escondido por 12 horas após ser baleado, é um território marcado por intensos conflitos agrários. Essa área, tristemente célebre, foi palco de uma brutal chacina em março de 2025, que resultou na morte de seis pessoas, e também foi o local onde dois policiais foram assassinados em 2020.

A Fazenda Norbrasil, situada no distrito de Nova Mutum Paraná, é de propriedade de Antônio Martins, conhecido como “Galo Velho”, tio de João Martins. A alegação de que João Martins passou 12 horas escondido na mata após ser baleado reacende o debate sobre a violência e a insegurança nessa região.

A Chacina de 2025: Um Massacre na Zona Rural

O crime que chocou a região ocorreu no acampamento Tiago dos Santos, uma área rural de Porto Velho conhecida por suas disputas de terras. As seis vítimas da chacina foram identificadas como Patricia Krostrycki, Lorraine Krostrycki da Silva, Thiago Krostrycki, Luan Krostrycki, Rafael Garcia de Oliveira e Júlio César Nunes Aparecido. Quatro das vítimas pertenciam à mesma família, intensificando a dor e o impacto da tragédia.

De acordo As investigações sobre a motivação da chacina ainda estão em andamento, mas a violência agrária é apontada como um dos principais fatores.

Conflitos Agrários: Uma Realidade Brutal

O distrito de Nova Mutum Paraná já foi palco de outros crimes graves relacionados a conflitos agrários. Em 2020, o tenente da reserva José Figueiredo Sobrinho foi assassinado com cerca de dez tiros após ser abordado por um grupo armado dentro de uma fazenda. No dia seguinte, o sargento Márcio Rodrigues da Silva foi morto enquanto investigava o caso, demonstrando a periculosidade e a escalada da violência na região.

O especialista em Direito Agrário Josep Iborra Plans explicou que a violência no campo está diretamente ligada ao avanço da fronteira agrícola sobre a floresta. A região conhecida como Amacro, que engloba o leste do Acre, o sul do Amazonas e o norte de Rondônia, concentra a maior parte dos conflitos agrários no estado. Segundo ele, a violência envolve diversos grupos, incluindo fazendeiros, produtores de soja, madeireiros, garimpeiros e especuladores imobiliários.

Historicamente, os trabalhadores sem-terra eram as principais vítimas de assassinatos, mas, nos últimos anos, as ocupações diminuíram, e a violência praticada por grupos econômicos que disputam território tem aumentado. O relatório Conflitos no Campo Brasil 2024, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), revela que, embora o número de assassinatos no campo tenha diminuído no país, outras formas de violência, como ameaças, intimidações e ataques armados, aumentaram. Em Rondônia, a violência permanece intensa e atinge diversas comunidades, incluindo indígenas, ribeirinhos, posseiros e pequenos agricultores.

A Complexidade dos Conflitos Agrários

Os conflitos agrários na região de Galo Velho e em outras áreas da Amazônia Legal são complexos e multifacetados. Envolvem disputas por terras, recursos naturais e poder, e são alimentados pela impunidade, pela falta de fiscalização e pela ausência de políticas públicas eficazes. A violência no campo não afeta apenas os envolvidos diretamente nos conflitos, mas também toda a sociedade, gerando um clima de medo e insegurança.

É fundamental que as autoridades competentes intensifiquem as investigações sobre os crimes cometidos na região, punam os responsáveis e implementem medidas para prevenir novos casos de violência. Além disso, é necessário promover o diálogo entre os diferentes atores envolvidos nos conflitos, buscar soluções pacíficas e garantir o acesso à terra e aos recursos naturais de forma justa e sustentável.

5 Dicas para Entender e Mitigar os Conflitos Agrários na Amazônia Legal:

1. Fortalecer a Fiscalização: Aumentar a presença de órgãos de fiscalização ambiental e fundiária na região para coibir a grilagem de terras, o desmatamento ilegal e outras atividades criminosas.
2. Promover a Regularização Fundiária: Agilizar os processos de regularização fundiária para garantir a segurança jurídica da posse da terra e evitar conflitos.
3. Incentivar a Agricultura Sustentável: Apoiar práticas agrícolas sustentáveis que conciliem a produção de alimentos com a preservação do meio ambiente e a geração de renda para os agricultores.
4. Garantir o Acesso à Justiça: Facilitar o acesso à justiça para as vítimas de violência no campo e garantir que os crimes sejam investigados e punidos.
5. Promover o Diálogo: Estimular o diálogo entre os diferentes atores envolvidos nos conflitos agrários, como agricultores, fazendeiros, indígenas, ribeirinhos e representantes do governo, para buscar soluções pacíficas e consensuais.

A situação na região de Galo Velho é um reflexo da complexidade e da gravidade dos conflitos agrários na Amazônia Legal. É preciso um esforço conjunto da sociedade, do governo e das autoridades competentes para enfrentar esse problema e construir um futuro mais justo e sustentável para a região.

Mantenha-se informado sobre os desdobramentos deste caso e outras notícias relevantes da Amazônia Legal em (https://setentrional.com).

Fonte: https://g1.globo.com

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