O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o multilateralismo e criticou tentativas de justificar o uso da força e intervenções ilegais em outros países. A declaração foi feita durante a sessão plenária do primeiro dia da 4ª reunião de Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE), realizada em Santa Marta, na Colômbia.
“A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais”, afirmou o presidente, sem mencionar países específicos. Ele enfatizou que a região é uma zona de paz e que as democracias não devem combater o crime violando o direito internacional.
O encontro acontece em um contexto de preocupação entre governos latino-americanos devido à ofensiva dos Estados Unidos contra supostos traficantes de drogas nas águas internacionais do Mar do Caribe e do Oceano Pacífico. Desde setembro, militares americanos têm atacado embarcações na região, alegando que transportam drogas de países como a Venezuela para os Estados Unidos. Recentemente, um ataque resultou em mortes.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, nega qualquer envolvimento do país com narcotraficantes e acusa os Estados Unidos de buscar pretextos para uma invasão, dada as reservas de petróleo do país.
Lula observou que a América Latina e o Caribe voltaram a ser uma região dividida, enfrentando ameaças como o extremismo político, a manipulação da informação e o crime organizado. “Vivemos de reunião e reunião repletas de ideias e iniciativas que, muitas vezes, não saem do papel”, lamentou.
O presidente também abordou a questão da segurança pública, defendendo que o combate à criminalidade exige a repressão ao crime organizado, o estrangulamento do seu financiamento e a eliminação do tráfico de armas. Ele relembrou ações como o comando tripartite da tríplice fronteira com a Argentina e o Paraguai, e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, reunindo nove países sul-americanos.
Lula aproveitou a oportunidade para destacar a importância da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém, ressaltando que o evento é uma oportunidade para a América Latina e o Caribe demonstrarem ao mundo que a conservação das florestas é essencial para o futuro do planeta. Ele mencionou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) como uma solução inovadora para valorizar as florestas.
O presidente também defendeu a transição energética, incentivando o predomínio de energia limpa em detrimento dos combustíveis fósseis. Além disso, Lula pediu por políticas de igualdade de gênero e defendeu a presença de uma mulher latino-americana no cargo de secretária-geral da ONU.
Após o evento em Santa Marta, o presidente segue para Belém, onde participará da COP30.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
