Brasil e Paraguai marcaram para a primeira quinzena de dezembro a retomada das negociações cruciais sobre o Anexo C do Tratado de Itaipu. A decisão foi formalizada por meio de um comunicado conjunto divulgado nesta segunda-feira (17), após reunião entre os chanceleres Mauro Vieira, do Brasil, e Rubén Ramírez Lezcano, do Paraguai. As discussões terão como base o Entendimento Bilateral firmado em abril de 2024.
Durante o encontro, que visou abordar a agenda bilateral, o chanceler brasileiro Mauro Vieira entregou ao seu homólogo paraguaio um relatório confidencial. O documento continha esclarecimentos solicitados pelo governo do Paraguai sobre as ações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em território paraguaio, ocorridas entre junho de 2022 e março de 2023.
A nota oficial enfatizou que o governo brasileiro, liderado pelo presidente Lula, anulou a operação da Abin assim que tomou conhecimento dela. Lamentando o impacto do episódio nas relações bilaterais, Vieira garantiu que todas as medidas estão sendo tomadas para identificar os responsáveis e responsabilizá-los judicialmente.
Ramírez Lezcano, após receber o relatório e as explicações de Vieira, manifestou que o governo paraguaio considerava o assunto encerrado.
Além das questões relacionadas à Abin e ao Tratado de Itaipu, os chanceleres discutiram possíveis datas para visitas dos presidentes de ambos os países. O objetivo é avançar em discussões focadas em diversos eixos de cooperação bilateral, como infraestrutura, energia, segurança pública, defesa e outras áreas de interesse mútuo.
Na área de infraestrutura, as conversas abordaram a inauguração da Ponte da Integração, as conexões rodoviárias, o Corredor Bioceânico, a Hidrovia Paraguai-Paraná e a situação dos aeroportos.
Em relação à energia, os temas incluíram a interconexão elétrica, a cooperação interinstitucional, o planejamento energético, o uso de biomassa e a produção de etanol.
A segurança pública foi outro ponto central, com ênfase no combate ao tráfico de drogas, ao tráfico de armas, ao tráfico de pessoas e ao crime organizado transnacional, além da cooperação penitenciária.
A cooperação na área de defesa também foi abordada, visando fortalecer a colaboração em temas militares, capacitação, ações conjuntas e equipamentos de defesa.
Outros temas discutidos foram a cooperação em matéria de alimentação escolar, agricultura familiar, institutos de estatística e de planejamento econômico público, além da cooperação educacional, com foco no acesso de estudantes paraguaios a universidades brasileiras, intercâmbio de docentes e alunos entre as academias diplomáticas e postos específicos no exterior.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
