A cannabis medicinal emerge como uma opção terapêutica crescente para tutores que buscam alternativas seguras e eficazes no tratamento de seus cães. Casos como o de Gucci, uma cadela que sofria de pânico em dias de chuva e agora enfrenta as tempestades com tranquilidade, ilustram o potencial da substância.
Um veterinário especializado em cannabis, destaca que a substância, regulamentada no Brasil e respaldada por estudos, tem demonstrado resultados significativos em cães. A aplicação da cannabis vai além do alívio da dor, sendo considerada uma alternativa terapêutica para casos complexos, incluindo doenças inflamatórias, dores persistentes, artrite, displasia, hérnia, pós-operatórios dolorosos e ansiedade.
Evidências apontam para respostas positivas em casos de epilepsia, distúrbios gastrointestinais, problemas imunológicos, além de sinais promissores no controle da pressão e frequência cardíaca. A cannabis atua no sistema endocanabinoide, presente em todos os mamíferos, que regula a homeostase, promovendo um ajuste amplo do organismo.
Embora a atuação no organismo seja similar à dos humanos, nem todo produto é adequado para animais. O veterinário alerta para a importância de um óleo com um carreador adequado, pois alguns, como o de abacate, podem ser tóxicos para cães. A prescrição veterinária é fundamental, pois um óleo inadequado pode prejudicar o fígado e causar o efeito oposto ao esperado.
Os benefícios são perceptíveis na qualidade de vida dos animais e no bem-estar da família. A melhora se manifesta no relaxamento do cão, na qualidade do sono e na melhora da convivência. Cada protocolo é individualizado, e casos de ansiedade de separação, por exemplo, demandam um histórico detalhado e análise do comportamento para que o óleo seja integrado ao manejo adequado.
Apesar de apresentar menor toxicidade em comparação com alguns medicamentos tradicionais, a cannabis ainda enfrenta preconceitos. A falta de informação é um dos principais obstáculos, com muitos reduzindo a substância à “maconha”, sem compreender que se trata de uma molécula estudada, regulamentada e segura quando utilizada corretamente. A popularização do tratamento partiu da própria sociedade, com famílias buscando na Justiça o direito de produzir ou importar os óleos.
Entretanto, nem todos os cães podem utilizar cannabis. Animais com insuficiência hepática, por exemplo, necessitam de protocolos restritos, especialmente em relação ao THC. Doses elevadas podem prejudicar as células hepáticas, e a ausência de orientação veterinária representa um risco considerável.
O cálculo da dose é realizado após uma avaliação completa, considerando a idade, o peso, as condições clínicas, o histórico e o objetivo terapêutico. A resposta de cada animal é individual, e a utilização de óleos caseiros ou extraídos sem controle de qualidade é desaconselhável, pois a falta de padronização e o desconhecimento da composição podem comprometer os resultados.
Em sua prática, o veterinário observa que a ansiedade é o problema que mais responde ao tratamento. A rotina humana estressante afeta diretamente os cães, e a cannabis auxilia na regulação do sistema endocanabinoide, desde que associada ao manejo correto. Também são observados bons resultados em casos de dor crônica e convulsões, com a possibilidade de redução da medicação anticonvulsivante.
Embora a Anvisa regulamente o uso da cannabis, a área veterinária segue protocolos distintos da medicina humana. Não há venda livre para pets, e o acompanhamento profissional é indispensável para garantir um tratamento seguro e eficaz.
Fonte: canaldopet.ig.com.br
