A Conferência do Clima da ONU (COP 30), realizada em Belém, testemunhou uma participação indígena sem precedentes, marcando um momento histórico no reconhecimento do papel crucial dos povos originários na agenda climática global. A Ministra dos Povos Indígenas (MPI), Sônia Guajajara, enfatizou a relevância deste marco, destacando que a presença maciça de representantes indígenas coloca as comunidades no centro das decisões climáticas.
Estima-se que cerca de 5 mil indígenas estejam circulando pela cidade, incluindo 3,5 mil hospedados na Aldeia COP, um espaço dedicado montado na Universidade Federal do Pará (UFPA). A Aldeia COP abriga delegações de diversas etnias, proporcionando um ambiente para moradia, debate e articulação. Dentre os participantes, aproximadamente 400 representantes estão credenciados na “Zona Azul”, área restrita para as negociações oficiais da conferência.
Sônia Guajajara ressaltou que esta edição da COP representa uma “virada histórica” ao reconhecer o papel essencial dos povos originários na abordagem da crise climática. Ela afirmou que a presença indígena massiva demonstra não apenas participação, mas também protagonismo nas decisões globais.
Os povos indígenas têm se destacado em Belém por meio de marchas e atos simbólicos em defesa do clima. Sua presença ativa nas ruas, como na Marcha Global pelo Clima, demonstra o engajamento e a urgência das demandas. A ministra enfatizou que os povos indígenas são “guardiões do território, do meio ambiente e da vida”, um papel que deve ser refletido nas negociações da cúpula. O reconhecimento desse protagonismo é crucial para avançar em medidas globais de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
A COP 30 em Belém simboliza também um avanço político ao promover a inclusão efetiva do conhecimento tradicional nos diálogos internacionais sobre o clima. A ministra Guajajara relembrou que, dez anos após o Acordo de Paris, que reconheceu o conhecimento indígena como conhecimento científico, essa contribuição se torna central para enfrentar a emergência climática.
A ministra defendeu que soluções climáticas justas devem considerar a regularização dos territórios indígenas e o combate ao racismo ambiental. Ela enfatizou a importância de se levar em conta a justiça climática e os impactos diretos que as comunidades indígenas já enfrentam ao tomar decisões de mitigação.
A Aldeia COP, visitada pelo cacique Raoni Metuktire, tornou-se um ponto de encontro e fortalecimento da conexão entre povos indígenas, clima, meio ambiente, biodiversidade, cultura e direitos humanos.
Com as discussões sobre desmatamento, justiça climática e direitos territoriais em destaque, Belém se consolida como um símbolo da integração entre a Amazônia e o futuro das negociações globais sobre o planeta.
Fonte: g1.globo.com
