O governo dos Estados Unidos (EUA) reacendeu a Doutrina Monroe, reafirmando sua “proeminência” sobre o Hemisfério Ocidental, em um claro recado à crescente influência da China na América Latina. A Estratégia Nacional de Segurança Nacional, divulgada nesta sexta-feira (5), sinaliza uma nova era na política externa dos EUA sob o governo Trump, com implicações significativas para os países da região, incluindo o Brasil e os estados da Amazônia Legal.
A Doutrina Monroe, criada em 1823, historicamente serviu para afastar as potências europeias da América Latina, assegurando que o continente permanecesse sob a influência dos EUA. A nova estratégia, apelidada de “Corolário Trump”, busca expandir essa influência, visando “expulsar as empresas estrangeiras que constroem infraestrutura na região” e “estabelecer ou expandir o acesso em locais de importância estratégica”.
Para o professor de relações internacionais do Ibmec São Paulo, Alexandre Pires, a medida é um claro aviso à China, que tem expandido sua presença econômica na América Latina por meio de investimentos em infraestrutura e comércio. A estratégia dos EUA inclui o fortalecimento de alianças com países da região, condicionando-as à “redução gradual da influência externa adversária”.
O documento da Casa Branca enfatiza que os EUA vão se concentrar em “aliar-se” e “expandir-se” na região, recompensando governos e movimentos alinhados com seus princípios. No entanto, também demonstra disposição para trabalhar com governos que possuam “perspectivas diferentes”, desde que compartilhem interesses em comum.
Essa nova política externa pode limitar a soberania dos países latino-americanos, dificultando acordos com potências de fora do hemisfério. Segundo o professor Pires, acordos comerciais, como o fornecimento de minerais do Peru ou Chile para a China, poderiam enfrentar interferência dos EUA, caso afetem seus interesses.
Além disso, a estratégia orienta os funcionários do governo dos EUA em embaixadas a favorecer as empresas americanas, buscando contratos de fornecimento exclusivo para elas em países da região. A diplomacia comercial, com o uso de tarifas e acordos comerciais recíprocos, será priorizada, juntamente com o fortalecimento de parcerias de segurança, incluindo a venda de armas e o compartilhamento de informações.
Implicações para a Amazônia Legal
A reafirmação da Doutrina Monroe pelos EUA pode ter diversas implicações para os estados da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Mato Grosso, Maranhão, Tocantins, Roraima e Rondônia). A região, rica em recursos naturais e com importância estratégica para o Brasil e para o mundo, pode se tornar um ponto de disputa entre os EUA e a China.
Infraestrutura: Projetos de infraestrutura financiados pela China na região, como ferrovias e hidrovias, podem ser alvo de pressão dos EUA.
Recursos naturais: A exploração de recursos naturais, como minérios e petróleo, pode ser influenciada pela nova política dos EUA, que busca garantir o acesso exclusivo de suas empresas a esses recursos.
Meio ambiente: A agenda ambiental, com foco na preservação da floresta amazônica, pode ser utilizada como ferramenta de pressão pelos EUA, condicionando o apoio financeiro e a cooperação à adoção de políticas ambientais mais rigorosas.
Segurança: A presença de facções criminosas na região, muitas vezes ligadas ao narcotráfico, pode ser utilizada como justificativa para o aumento da presença militar dos EUA na região, com o objetivo de combater o crime organizado e proteger seus interesses.
5 Dicas para Navegar na Nova Dinâmica Geopolítica:
1. Diversificação de parceiros: Buscar diversificar as relações comerciais e diplomáticas, evitando a dependência excessiva de um único país.
2. Fortalecimento da soberania: Adotar políticas que fortaleçam a soberania nacional e garantam o controle sobre os recursos naturais.
3. Investimento em tecnologia: Investir em tecnologia e inovação para aumentar a competitividade das empresas brasileiras e reduzir a dependência de tecnologia estrangeira.
4. Diálogo regional: Promover o diálogo e a cooperação com outros países da América Latina para fortalecer a posição da região no cenário internacional.
5. Transparência: Adotar políticas de transparência e participação social na tomada de decisões sobre projetos de infraestrutura e exploração de recursos naturais.
A reafirmação da Doutrina Monroe pelos EUA representa um desafio para o Brasil e para os estados da Amazônia Legal. É fundamental que o país adote uma postura estratégica e proativa para defender seus interesses e garantir o desenvolvimento sustentável da região.
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