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Prêmio internacional reconhece luta de mãe contra violência policial no rio

© Tomaz Silva/Agência Brasil

Ana Paula Gomes de Oliveira, de 48 anos, defensora dos direitos humanos, foi agraciada com o prêmio Martin Ennals, um reconhecimento internacional frequentemente chamado de “Nobel dos Direitos Humanos”. A honraria destaca sua atuação incansável na denúncia da violência estatal e no apoio a mães e familiares de vítimas da letalidade policial.

Residente da favela de Manguinhos, no Rio de Janeiro, Ana Paula se tornou uma figura de destaque nacional e internacional após a trágica morte de seu filho, Johnatha, em 2014, durante uma operação policial. O jovem, de 19 anos, foi atingido nas costas por um disparo efetuado por um agente da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) em meio a um confronto entre policiais e moradores. O caso ainda aguarda um novo julgamento.

A dor da perda impulsionou Ana Paula a transformar o luto em luta. Ela cofundou o movimento Mães de Manguinhos, um coletivo formado por mulheres negras que denunciam o racismo institucional e exigem a responsabilização do Estado em casos de homicídios, prisões ilegais e outras violações. Sua atuação se estende à Rede de Assistência às Vítimas da Violência de Estado (Raave), que oferece suporte psicossocial às famílias e promove propostas de reformas legislativas.

A resiliência de Ana Paula foi retratada no programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, na edição “Mães de Luta”, que recebeu uma menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog, uma das principais premiações do jornalismo brasileiro.

“Sinto que uma parte de mim morreu com meu filho. Através da minha luta, encontrei uma maneira de manter meu papel materno. Se eu parar de fazer isso, eu morro”, declarou a ativista.

Apesar das ameaças e intimidações que enfrenta, Ana Paula persiste como uma voz ativa no combate ao racismo e à violência policial no país. Após a operação policial que resultou em 121 mortes no Rio de Janeiro, ela defendeu a implementação de mecanismos de regulação e transparência nas operações realizadas em favelas.

“O que a gente está cobrando é que as operações policiais aconteçam dentro da legalidade, assim como acontece em outras regiões onde as pessoas têm nível econômico maior e as coisas acontecem com respeito”, afirmou Ana Paula. “A ditadura acabou para a classe média e para os artistas. Na favela, ela nunca terminou. A prática de tortura, de desaparecimentos forçados e assassinatos continua, por meio do braço armado do Estado.”

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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