O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, reforçou a defesa pela condenação dos nove réus pertencentes ao núcleo 3 da organização acusada de planejar a manutenção do ex-presidente Jair Bolsonaro no poder, após a derrota nas eleições de 2022. Segundo Gonet, as investigações revelaram uma “declarada disposição homicida e brutal” do grupo criminoso.
O núcleo é composto por nove militares do Exército e um policial federal, acusados de monitorar o ministro Alexandre de Moraes, com o objetivo de sequestrá-lo e matá-lo, ou “neutralizá-lo”, conforme a terminologia utilizada na denúncia.
Durante o julgamento, Gonet apresentou mensagens em que os réus do núcleo 3 manifestavam a intenção de “matar” adversários, com foco especial em Moraes. Além do ministro, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva também teria sido alvo de monitoramento. A denúncia aponta que o plano incluía a eliminação de Lula, bem como do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, antes da posse em janeiro de 2023.
A Polícia Federal (PF) encontrou registros documentais dos planos Punhal Verde e Amarelo e da operação Copa 2022, contendo detalhes sobre a execução do planejamento golpista. A acusação apresentou ainda o rastreamento de celulares e veículos que teriam sido usados pelos réus para monitorar Moraes, entre novembro e dezembro de 2022.
Gonet mencionou a condenação de Bolsonaro e de sete aliados, com o ex-presidente sentenciado a 27 anos e três meses de prisão por liderar o complô golpista, o que, para o procurador-geral, “tornou incontroversa a materialidade dos fatos”.
O julgamento do núcleo 3 concentra-se nas sustentações orais de acusação e defesa. Estão previstas sessões nos dias 12, 18 e 19 de novembro para análise do caso pela Primeira Turma do Supremo, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia.
Os dez acusados do núcleo 3 respondem por crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado. Os réus, conhecidos como “kids-pretos”, são militares que integravam o grupamento de forças especiais do Exército, acusados de pressionar os comandantes das Forças Armadas a aderirem ao plano golpista por meio de campanhas de difamação.
Até o momento, o STF já condenou 15 réus pela trama golpista: sete do Núcleo 4 e oito do Núcleo 1, liderado por Bolsonaro. O julgamento do grupo 2 está previsto para iniciar em 9 de dezembro.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
