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Analfabetismo cai entre Idosos, Mas Desigualdade Racial Persiste

© Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Arquivo

A desigualdade racial na educação brasileira ainda é um desafio a ser superado, mesmo com avanços significativos na redução do analfabetismo. Um estudo recente do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra), utilizando dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2012 a 2023, revela um panorama detalhado da evolução da escolaridade no país, com foco nas disparidades raciais.

Em 2012, a taxa de analfabetismo entre idosos negros (acima de 60 anos) era alarmante, atingindo 36,0%, enquanto entre os idosos brancos, essa taxa era de 15,4%. Onze anos depois, em 2023, houve uma melhora considerável, com a taxa de analfabetismo entre idosos negros caindo para 22,1% e entre brancos, para 8,7%. Apesar dessa redução, a diferença entre os grupos raciais ainda é expressiva, evidenciando que o caminho para a igualdade na educação é longo.

Marcelo Tragtenberg, membro do conselho deliberativo do Cedra, destaca o impacto do analfabetismo na vida dos idosos negros: “Houve melhora, mas não sabemos se é por motivo geracional, se os novos idosos estão mais escolarizados ou pelo processo de urbanização. Para isso, seria importante uma busca ativa para matrículas em Educação de Jovens e Adultos (EJA) e até uma política de incentivos, como o programa Pé de Meia, mas voltada para a população mais velha que não chegou aos níveis básicos de escolaridade”.

O estudo também analisou a taxa de analfabetismo entre jovens. Em 2012, a taxa de analfabetismo entre jovens negros era de 2,4%, enquanto entre jovens brancos era de 1,1%. Em 2023, essas taxas diminuíram para 0,9% e 0,6%, respectivamente. A diferença entre os grupos também diminuiu, passando de 1,3 ponto percentual em 2012 para 0,3 ponto percentual em 2023, com uma melhora mais acentuada entre os negros.

A pesquisa do Cedra também apontou para a queda nas taxas de analfabetismo na população jovem adulta (25 a 29 anos) entre 2012 e 2023. Para homens brancos, a taxa passou de 1,3% para; para homens negros, de 2,8% para; para mulheres brancas, de 0,7% para; e para mulheres negras, de 1,3% para.

Entre as pessoas negras de 30 a 39 anos, a taxa de analfabetismo era de 7,0% em 2012, enquanto entre as pessoas brancas era de 2,5%. Em 2023, a taxa de analfabetismo entre pessoas negras caiu para 2,2%, e entre pessoas brancas, para 1,1%. Apesar da queda significativa entre os grupos, a situação das pessoas negras em 2023 ainda era semelhante à das pessoas brancas em 2012, indicando que o progresso é lento e desigual.

Em 2012, a taxa de analfabetismo entre mulheres negras acima de 15 anos era de 10,8%, enquanto entre mulheres brancas era de 5,1%. Em 2023, a taxa de analfabetismo caiu para 6,6% entre mulheres negras e 3,3% entre mulheres brancas. A diferença entre os grupos raciais diminuiu de 5,7 pontos percentuais em 2012 para 3,3 pontos percentuais em 2023, mas ainda permanece expressiva.

Entre homens negros acima de 15 anos, a taxa de analfabetismo era de 11,5% em 2012, enquanto entre homens brancos era de 4,8%. Em 2023, a taxa de analfabetismo caiu para 7,4% entre homens negros e 3,4% entre homens brancos. A diferença entre os grupos raciais diminuiu de 6,7 pontos percentuais em 2012 para 4,0 pontos percentuais em 2023, mas ainda é considerada significativa.

Apesar dos avanços na redução do analfabetismo, as disparidades raciais persistem em todas as faixas etárias e gêneros. É fundamental que o governo e a sociedade civil implementem políticas públicas e programas que visem a igualdade racial na educação, como a busca ativa por matrículas em Educação de Jovens e Adultos (EJA) e a criação de incentivos para a população mais velha que não teve acesso à educação básica.

5 Dicas Para Reduzir o Analfabetismo e Promover a Igualdade Racial na Educação:

1. Investimento em Educação de Jovens e Adultos (EJA): Ampliar a oferta de EJA, com foco em metodologias inovadoras e adaptadas às necessidades dos alunos, incluindo a utilização de tecnologias digitais.
2. Programas de Incentivo à Educação: Criar programas de incentivo financeiro para jovens e adultos que retomem os estudos, como bolsas de estudo, auxílio-transporte e alimentação.
3. Ações Afirmativas: Implementar ações afirmativas para garantir o acesso e a permanência de estudantes negros em todos os níveis de ensino, incluindo universidades e cursos técnicos.
4. Formação Continuada de Professores: Oferecer formação continuada aos professores, com foco em questões raciais e culturais, para que possam promover uma educação mais inclusiva e antirracista.
5. Mobilização Social: Promover campanhas de conscientização sobre a importância da educação e da igualdade racial, envolvendo a sociedade civil, empresas e meios de comunicação.

A superação da desigualdade racial na educação é um desafio complexo que exige um esforço conjunto do governo, da sociedade civil e de cada cidadão. Ao investir em educação de qualidade e promover a igualdade de oportunidades, podemos construir um país mais justo e desenvolvido para todos.

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Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

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