A Academia Brasileira de Letras (ABL) testemunha um marco histórico nesta sexta-feira, com a posse de Ana Maria Gonçalves como a primeira mulher negra a integrar a instituição. A cerimônia, marcada para as 20h na sede da ABL, oficializa a ocupação da cadeira número 33, anteriormente pertencente ao renomado gramático Evanildo Bechara.
A recepção à nova acadêmica ficará a cargo da historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, enquanto a escritora Ana Maria Machado terá a honra de entregar o colar. O cantor e compositor Gilberto Gil será responsável pela entrega do diploma, selando a entrada de Ana Maria Gonçalves no seleto grupo de imortais.
O reconhecimento à escritora mineira, nascida em Ibiá em 1970, se consolidou especialmente por sua obra “Um Defeito de Cor”, um romance histórico de 952 páginas que se tornou um clássico da literatura brasileira. A narrativa épica acompanha a trajetória de Kehinde, uma mulher africana no século XIX, em busca de seu filho perdido. A obra mergulha profundamente em temas como escravidão, racismo, ancestralidade e resistência, oferecendo uma perspectiva poderosa e necessária sobre a história do Brasil.
Em entrevista concedida há dois anos ao programa Trilha de Letras, da TV Brasil, Ana Maria Gonçalves expressou seu desejo de que sua obra seja reconhecida como literatura universal, transcendendo rótulos e alcançando um público amplo e diversificado. Ela ressaltou a importância de contar a história do Brasil a partir de um ponto de vista que historicamente foi negligenciado.
O processo de criação de “Um Defeito de Cor” foi detalhado pela autora, revelando um intenso trabalho de pesquisa, escrita e reescrita. Foram dois anos dedicados à pesquisa e tomada de notas, seguidos por um ano de escrita e mais dois anos de reescrita, demonstrando o comprometimento e a dedicação da autora à sua obra.
Ana Maria Gonçalves, além de escritora, é sócia-fundadora da Terreiro Produções. Sua atuação se estende para além das fronteiras nacionais, com publicações, cursos e palestras ministradas no exterior. A autora também se destaca como roteirista, dramaturga e professora. Sua chegada à ABL a consagra como a mais jovem integrante do atual quadro de imortais, solidificando seu lugar de destaque no cenário literário brasileiro.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
