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Religiões afro: resistência e identidade negra crescem no Amapá

G1

No Amapá, as religiões de matriz africana ganham força como símbolo de resistência e identidade negra, em um estado onde a ancestralidade pulsa forte. O crescimento dessas religiões, como Umbanda e Candomblé, é notável, saltando de 0,1% para 0,5% da população amapaense, enquanto no Brasil o número triplicou, conforme o último censo.

Essa expansão religiosa se entrelaça com manifestações culturais afro-brasileiras já existentes no estado, como o marabaixo e o batuque. Juntas, essas expressões culturais e religiosas atuam na preservação de tradições que enfrentam séculos de luta contra o preconceito e a invisibilidade.

O historiador Bruno Machado ressalta que as religiões de matriz africana são intrínsecas à construção da sociedade brasileira, refletindo a diversidade da identidade negra. Segundo ele, não existe uma única identidade negra, mas múltiplas identidades moldadas por experiências transmitidas oralmente, perpetuando saberes e costumes ancestrais.

Os terreiros, mais do que espaços de culto, fortalecem identidades que ainda enfrentam o racismo e suas diversas formas de violência. “Quem participa das religiões de matriz africana não necessariamente é negro, mas essas práticas reforçam sentimentos de pertencimento, autoestima e aceitação ao diferente,” afirma Machado, destacando o acolhimento e a diversidade como características marcantes dessas religiões.

Manter viva essa tradição envolve o resgate da memória afro-cultural e a valorização dos saberes ancestrais. As religiões de matriz africana se distinguem das religiões dominantes pela forte conexão de seus conhecimentos e cosmologias com a natureza. O axé, energia vital proveniente das forças naturais, é central no culto afro, onde cada elemento possui um simbolismo próprio e representa o poder do sagrado.

As casas de axé, verdadeiros espaços de aprendizado, promovem a união entre sacerdotes e praticantes em um processo contínuo de evolução. Pais e mães de santo desempenham um papel fundamental na valorização da cultura afro-amapaense e na formação de uma consciência coletiva sobre a negritude.

Donέ Danielle Barriga, líder do terreiro Xwé Acè Nă Djohun, de tradição Djedje Savalu, em Macapá, iniciada em 2011, acompanhou de perto o crescimento das religiões de matriz africana no Amapá. Para ela, é através do Candomblé, da Umbanda e de tantas casas de axé que a sabedoria dos povos ancestrais é mantida viva. A roça do Jardim Felicidade, como é conhecida a casa, oferece apoio comunitário na periferia da capital, realizando diversas ações sociais ao longo do ano.

No Amapá, Candomblé, Umbanda e Tambor de Mina são as religiões de matriz africana mais proeminentes, cada uma com suas tradições, ritos e doutrinas. No Candomblé, os fiéis cultuam os orixás, divindades ligadas aos elementos da natureza. A Umbanda, criada em 1908, surgiu da união de práticas espirituais mantidas por povos escravizados, indígenas e comunidades marginalizadas. O Tambor de Mina, originário do Maranhão, destaca-se pelo culto aos voduns, orixás e encantados.

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, homenageia Zumbi dos Palmares e simboliza a luta contra a escravidão. Desde 2023, a data é feriado nacional.

Fonte: g1.globo.com

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