Um estudo recente revelou a forte presença de facções criminosas em 62,5% dos municípios do Amapá, colocando o estado entre os mais afetados pela violência na Amazônia Legal. O levantamento, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), aponta que grupos criminosos atuam em cidades como Macapá, Santana e Calçoene, que concentram os maiores índices de homicídios.
A posição geográfica estratégica do Amapá, próxima a fronteiras internacionais e cortada por rotas importantes como a BR-156, é apontada como um fator que facilita o tráfico de drogas, o contrabando e outros crimes transfronteiriços. Em 2024, o estado registrou 45,1 mortes violentas por 100 mil habitantes, mesmo após uma queda de 30,6% em relação ao ano anterior. Apesar da redução, o Amapá continua sendo um dos estados mais violentos do país.
Macapá e Santana, que juntas concentram 75% da população, responderam por quase 80% das mortes violentas no estado. Calçoene, por sua vez, é vista como um corredor do tráfico, sendo disputada por facções locais e nacionais.
O estudo indica que o Comando Vermelho (CV) domina parte do território amapaense e está presente em 202 cidades da Amazônia Legal. O Primeiro Comando da Capital (PCC) atua em 90 municípios da região. Além das duas maiores facções do país, grupos locais como a Família Terror do Amapá (FTA) e a União Criminosa do Amapá (UCA) também exercem controle sobre rotas de tráfico e outras atividades ilegais.
A pesquisa do FBSP considerou as taxas de mortes violentas intencionais dos últimos três anos para analisar os números a cada 100 mil habitantes.
O levantamento também revelou que a presença de facções criminosas cresceu e chegou a 45% dos municípios da Amazônia Legal. Das 772 cidades da região, 344 apresentaram alguma evidência da presença de facções. O aumento é de 32,3% em relação ao ano anterior, quando o Fórum identificava 260 cidades com facções. Em comparação com 2023, quando o número era de 178 municípios (23% do total), o crescimento é de 93%.
Ao todo, foram identificados 17 grupos diferentes, incluindo o Comando Vermelho (CV), o Primeiro Comando da Capital (PCC), além de grupos locais e até internacionais, como o Tren de Araguá, da Venezuela, e a ex-Farc, da Colômbia. Segundo o estudo, o CV tem influência em 83% do total de cidades com presença de facções, chegando a 286 cidades – seja de forma hegemônica ou em disputa com outros grupos criminosos. O PCC está em 90 municípios, com controle da criminalidade em 31 e disputando o domínio em outros 59.
Fonte: g1.globo.com
