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Vereador cassado em Roraima Recebia Informações sigilosas da PM

G1

O presidente da Câmara de Boa Vista, Genilson Costa (Republicanos), que teve seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral, obteve acesso a informações sigilosas repassadas pelo coronel da Polícia Militar (PM), Francisco Lisboa, sobre supostas irregularidades nas eleições de 2024. Na época, Lisboa ocupava o cargo de subcomandante da PM, o segundo posto mais importante dentro da corporação.

O acesso de Genilson a esses dados confidenciais, fornecidos pelo coronel Lisboa, é um dos pontos centrais do inquérito conduzido pela Polícia Federal (PF) que investigou o caso. As apurações, lideradas pelo delegado Caio Luchini, concluíram que Genilson comprou votos para garantir sua reeleição como vereador em 2024.

O portal SETENTRIONAL.COM teve acesso ao relatório final da investigação, que cita o envolvimento de ambos. O documento apresenta prints de conversas que comprovam que Lisboa repassou denúncias feitas ao sistema da PM, através do 190, incluindo alertas sobre pagamento de “boca de urna” nas vésperas da eleição. As informações eram compartilhadas via WhatsApp.

O inquérito aponta para uma “relação de troca de favores” entre os dois, sugerindo que “FRANCISCO LISBOA atuava como homem de confiança de GENILSON dentro da Polícia Militar”, conforme consta no relatório.

Em nota oficial, o Coronel Lisboa negou “de forma categórica qualquer alegação de uso de estrutura pública ou de prática de ato que tenha por finalidade beneficiar terceiros em processo eleitoral”. Ele reafirmou sua “postura íntegra, coloca-se à disposição das autoridades competentes e confia plenamente no esclarecimento correto dos fatos”.

Genilson Costa, por sua vez, informou, também por meio de nota, que ainda não foi “formalmente intimado”, e que sua defesa se pronunciará dentro do inquérito assim que for notificado.

A Polícia Militar (PM) informou que situações envolvendo policiais e investigadas por outros órgãos são de responsabilidade dessas instituições. A PM garantiu que, quando precisa investigar internamente, segue as regras da lei e garante o direito de defesa.

Genilson Costa teve o mandato cassado no dia 20 de novembro por participação em um esquema de compra de votos nas eleições de 2024. A sentença aponta que a campanha foi financiada com mais de R$ 4 milhões não declarados, utilizados para pagar eleitores, operar listas, financiar logística e garantir vantagem ilícita no pleito, o que configurou abuso de poder econômico e corrupção eleitoral. Por se tratar de uma decisão de primeira instância, ele recorre no cargo.

Indiciamento

Além de Genilson e do coronel Lisboa, outras quatro pessoas foram indiciadas pela PF no dia 19 de novembro. O caso agora está sob análise do Ministério Público Eleitoral (MPE). Os crimes imputados são:

Genilson: Corrupção eleitoral (compra de votos), associação criminosa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica eleitoral, transporte ilegal de eleitores, violação do sigilo do voto, violação de sigilo funcional e prevaricação.
Lisboa: Corrupção eleitoral, violação de sigilo funcional, associação criminosa e prevaricação.

A PF informou que o processo está sob sigilo e que o caso está agora com o MPE.

Durante as investigações, ambos chegaram a ser presos pela PF na operação Martellus. Genilson foi apontado como o líder do esquema de compra de votos.

Em uma das comunicações interceptadas, horas antes da votação, Lisboa enviou ao vereador uma captura de tela do sistema interno da PM com o registro de uma denúncia formal contra Genilson por compra de votos. A investigação interpretou o ato como uma tentativa de evitar o flagrante e mitigar os riscos à operação eleitoral.

“Tal comunicação evidencia o monitoramento e a mitigação dos efeitos de denúncias que poderiam comprometer o esquema ilícito de compra de votos”, diz o relatório.

O gesto é classificado como violação de sigilo funcional e prevaricação, já que o coronel não apenas deixou de apurar a denúncia, como alertou o próprio denunciado.

“Ao invés de adotar providências para apurar a denúncia, optou por alertar o denunciado, contribuindo para a obstrução da atividade persecutória do Estado”, afirma a PF.

Tentativa de Interferência Após a Prisão

O inquérito também detalhou a atuação do coronel após a prisão de Genilson no dia da eleição, em 6 de outubro de 2024. De acordo com a investigação, Lisboa fez movimentações para que Genilson ficasse preso no Comando de Policiamento da Capital (CPC), órgão que ele comandava à época. Prints mostram que o coronel chegou a pedir o contato do advogado do vereador para o filho de Genilson. Mesmo assim, o presidente foi levado para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc).

Para os investigadores, os registros reforçam que a atuação do coronel não se limitava às eleições, mas se estendia ao pós-flagrante, com o objetivo de oferecer vantagem e tratamento diferenciado.

Como a Notícia Impacta a Amazônia Legal

Casos de corrupção eleitoral e abuso de poder, como o que envolve o vereador Genilson Costa e o coronel Lisboa, têm um impacto significativo na Amazônia Legal, minando a confiança nas instituições democráticas e prejudicando o desenvolvimento da região. A compra de votos e o uso indevido de recursos públicos desviam investimentos que poderiam ser destinados à saúde, educação e infraestrutura, perpetuando a desigualdade social e a pobreza.

5 Dicas para Combater a Corrupção Eleitoral:

1. Denuncie: Seja um fiscal da lei. Utilize os canais de denúncia disponibilizados pela Justiça Eleitoral e pela Polícia Federal para informar sobre qualquer suspeita de compra de votos ou outras irregularidades eleitorais.
2. Informe-se: Acompanhe o trabalho dos órgãos de controle e fiscalização, como o Ministério Público e a Polícia Federal. Divulgue informações relevantes sobre casos de corrupção e incentive o debate público sobre o tema.
3. Vote Consciente: Pesquise sobre os candidatos antes de votar. Verifique seu histórico, suas propostas e suas fontes de financiamento. Não venda seu voto por promessas vazias ou favores pessoais.
4. Participe: Engaje-se na política. Acompanhe as sessões da Câmara Municipal, participe de audiências públicas e cobre seus representantes sobre suas ações e decisões.
5. Eduque: Converse com seus familiares e amigos sobre a importância da ética e da transparência na política. Incentive o voto consciente e a participação cidadã.

Acompanhe as últimas notícias sobre a Amazônia Legal no SETENTRIONAL.COM e mantenha-se informado sobre os acontecimentos que impactam a região.

Fonte: https://g1.globo.com

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