Um estudo recente da Fundação do Câncer revela um cenário preocupante no Brasil: mais de 60% dos casos de câncer colorretal (CCR) são diagnosticados em estágios avançados. A pesquisa, divulgada no Dia Nacional de Combate ao Câncer, analisou 177 mil registros hospitalares entre 2013 e 2022 e destaca a importância do diagnóstico precoce para aumentar as chances de cura.
O diretor-executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni, cirurgião oncológico, enfatiza que metade dos pacientes chega ao sistema de saúde já em estágio metastático (estágio 4), e outros 25% no estágio 3. “Somando os estágios, são mais de 70%, o que é uma catástrofe”, alerta Maltoni.
O diagnóstico tardio impacta diretamente as chances de cura. Maltoni recomenda que, ao identificar qualquer sintoma, mesmo que leve, a pessoa deve procurar um serviço de saúde para investigar ou realizar um rastreamento com um profissional. “A intervenção do Estado para chamar a população-alvo para exames, para detectar o mais precocemente possível, é fundamental. Não só um tumor, mas as lesões precursoras que podem desenvolver o câncer. Isso é fundamental, é isso que vai mudar essa história”, completa.
Atualmente, o exame inicial para detecção do CCR no Brasil é a pesquisa de sangue oculto nas fezes, indicada para pessoas acima de 50 anos. Se o resultado for positivo, a colonoscopia é recomendada. No entanto, a análise de dados indica que o pico de incidência do CCR ocorre entre os 50 e 60 anos, o que sugere a necessidade de antecipar a faixa etária para o rastreamento.
A Fundação do Câncer sugere iniciar o rastreamento aos 45 ou até mesmo aos 40 anos, para identificar lesões precursoras em estágios iniciais e tratá-las antes que se transformem em carcinomas.
O estudo também ressalta a importância da prevenção primária, que envolve a adoção de hábitos de vida saudáveis. Evitar o excesso de peso, praticar atividade física regularmente, moderar o consumo de álcool e não fumar são medidas cruciais para reduzir o risco de desenvolver CCR. “São aquelas medidas que a gente vive falando, de evitar sobrepeso, evitar falta de atividade física, excesso de bebida alcoólica, não fumar. Isso é fundamental, porque a gente sabe que isso ajuda a reduzir casos novos de câncer. No caso do câncer colorretal, isso é uma verdade”, afirma Maltoni.
A análise dos 177 mil casos revelou que o CCR é mais comum em pessoas brancas (34,6%), seguidas por negras (30,9%). As regiões Sudeste e Sul concentram o maior número de casos e equipamentos para diagnóstico e tratamento. No entanto, a Região Centro-Oeste apresenta o maior índice de deslocamento de pacientes para tratamento em outras localidades (18%), seguida pela Região Norte (6,5%).
A Fundação do Câncer estima um aumento de 21% no número de casos de CCR entre 2030 e 2040, atingindo cerca de 71 mil novos casos e 40 mil óbitos. Maltoni considera esse volume alarmante e defende a necessidade de uma estratégia bem estabelecida para a prevenção e o diagnóstico precoce.
O diretor-executivo da Fundação do Câncer acredita que o Ministério da Saúde deve liderar essa mudança. Ele cita o exemplo do sistema de saúde inglês, que envia kits para coleta de amostras de fezes para a população em casa. Se o resultado for alterado, a pessoa é chamada para fazer a colonoscopia. “Precisamos dar esses passos. É óbvio que em um país das dimensões do Brasil, com as dificuldades regionais, com as diferenças, há dificuldades. Mas a gente sabe que é possível. Se tomar a decisão de fazer e quiser fazer, é possível fazer”, afirma Maltoni.
Para Maltoni, é fundamental que haja uma política de Estado permanente, que independa de quem esteja no governo, para que os resultados aconteçam. Ele cita como exemplo a política de controle do tabaco, que se tornou uma política de Estado e tem sido priorizada por todos os governos nos últimos 35 a 40 anos.
O estudo também aponta para uma relação entre tabagismo e obesidade e a incidência de CCR. Capitais como Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba e Campo Grande, com altas taxas de fumantes, apresentam altas taxas de incidência da doença. O mesmo ocorre em relação à obesidade e sua associação ao aumento da incidência do CCR em capitais como Porto Alegre, Campo Grande, Rio de Janeiro e São Paulo.
O boletim da Fundação do Câncer revela ainda que quase metade dos casos registrados no país está concentrada na Região Sudeste (49,4%) e que 85,9% dos pacientes têm 50 anos ou mais, reforçando a importância de estratégias de rastreamento voltadas para faixas etárias menores. Em relação à escolaridade, o boletim mostra que 47,7% dos pacientes possuem apenas o ensino fundamental e que a cirurgia segue sendo a principal forma de tratamento inicial.
5 Dicas Essenciais para Prevenir o Câncer Colorretal:
1. Mantenha uma dieta rica em fibras: Consuma frutas, verduras, legumes e grãos integrais para promover a saúde intestinal.
2. Pratique atividade física regularmente: Exercícios ajudam a manter o peso saudável e reduzem o risco de câncer.
3. Evite o tabagismo e o consumo excessivo de álcool: Esses hábitos estão diretamente relacionados ao aumento do risco de CCR.
4. Realize exames de rastreamento: Consulte seu médico sobre a idade ideal para iniciar os exames de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia.
5. Esteja atento aos sinais e sintomas: Sangue nas fezes, alterações no hábito intestinal, dor abdominal e perda de peso inexplicável são sinais de alerta que exigem investigação médica.
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