Entidades da área de educação, alunos, pais e educadores se uniram em um protesto marcante nesta terça-feira (25) em São Paulo. O motivo? A indignação causada pela entrada de policiais militares armados na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Antônio Bento. O incidente, ocorrido no dia 12 de novembro, ganhou repercussão após um pai acionar a corporação devido a um desenho de orixá feito por sua filha em uma atividade escolar.
A manifestação, que partiu da Emei Antônio Bento, percorreu as ruas da região com cartazes e palavras de ordem que ecoavam a necessidade de um ambiente escolar livre de violência e intolerância. Frases como “Onde houver intolerância, que haja mais educação”, “Mais amor e mais livros, menos violência” e “Escola não é lugar de polícia” demonstraram a união da comunidade em defesa de uma educação antirracista e inclusiva.
Organizações como o Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem) e o Sindicato dos Trabalhadores nas Unidades de Educação Infantil (Sedin) estiveram à frente da organização do ato, que também serviu como palco para discursos em prol da ampliação das redes de resistência antirracistas e da eliminação do machismo nas escolas.
Gisele Nery, mãe de uma aluna da Emei Antônio Bento e integrante do conselho escolar, acompanhou de perto o desenrolar do caso. Ela relatou que o pai da criança chegou a rasgar o desenho de Iansã feito pela filha, demonstrando intolerância e gerando desconforto entre os alunos. A tentativa de diálogo por parte da escola foi ignorada pelo pai, que optou por acionar a polícia.
A situação se agravou quando os policiais ameaçaram dar voz de prisão à diretora da escola, uma mulher negra, gerando indignação e revolta entre os presentes. A universitária Milena Leite, estudante de Pedagogia, classificou o episódio como uma investida “brutal” e inaceitável, ressaltando a importância de combater a intolerância religiosa e o racismo no ambiente escolar.
É importante ressaltar que a atividade de apresentação de orixás está em consonância com as leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008, que determinam o ensino da história e cultura africana, afro-brasileira e indígena nas escolas. A atitude do pai e a subsequente ação da polícia representam um grave desrespeito a essas leis e aos princípios da educação inclusiva e antirracista.
Entenda o Caso:
No dia 12 de novembro, quatro policiais militares entraram armados na Emei Antônio Bento após serem acionados pelo pai de uma aluna. O pai alegava que a filha estaria sendo obrigada a ter aula de religião africana. No dia anterior, ele já havia demonstrado sua insatisfação e retirado o desenho de Iansã feito pela filha do mural da escola.
A diretora da Emei, Aline Aparecida Nogueira, esclareceu que a escola não trabalha com doutrina religiosa e que o currículo é centrado em uma abordagem antirracista. Ela também relatou ter sido coagida pelos policiais durante a ocorrência.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que a Polícia Militar instaurou uma apuração sobre a conduta da equipe que atendeu à ocorrência. A professora da unidade de ensino registrou um boletim de ocorrência contra o pai da estudante por ameaça.
A Secretaria Municipal de Educação também se manifestou, afirmando que o pai recebeu esclarecimentos sobre a proposta pedagógica da escola, que inclui o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena, conforme determina o Currículo da Cidade de São Paulo.
5 Dicas Para Promover a Diversidade Religiosa e Combater a Intolerância nas Escolas:
1. Promova o diálogo: Incentive discussões abertas e respeitosas sobre as diferentes religiões e crenças, buscando promover a compreensão e o respeito mútuo.
2. Realize atividades educativas: Desenvolva projetos e atividades que abordem a história e a cultura das diversas religiões, destacando seus valores e contribuições para a sociedade.
3. Combata o preconceito e a discriminação: Esteja atento a manifestações de intolerância religiosa e atue de forma firme e educativa para combatê-las.
4. Valorize a diversidade: Crie um ambiente escolar inclusivo e acolhedor, onde todas as religiões e crenças sejam respeitadas e valorizadas.
5. Capacite os educadores: Ofereça formação continuada aos professores, abordando temas como diversidade religiosa, direitos humanos e combate à discriminação.
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